Da botica à farmácia.
A casa comercial, ou loja, onde o público se abastecia
das drogas e medicamentos nos tempos coloniais ,
denominavam-se “botica”. Também eram destinados ao
preparo e à distribuição de medicamentos aos doentes
internados. “Botica” era ainda uma caixa de madeira ou de folha de
flandres, de tamanho variado que continha as drogas e
medicamentos mais necessários e urgentes. Ela podia
ser transportada facilmente de um local para o outro.
Com boticas dessas, em lombos de burro, curandeiros
ambulantes percorriam as povoações e fazendas
mascateando “específicos” para o tratamento dos
animais.
• Antes disso, porém, junto com o Primeiro Governador
Geral do Brasil, Tomé de Souza, veio o primeiro
boticário do Brasil, Diogo de Castro, então formado
pela já festejada Universidade
• A utilização da expressão “botica”
para farmácia e “boticário” para o
farmacêutico vem desde o
descobrimento do Brasil, perdurando
até a terceira década do século XIX;
nessa época o profissional, à vista do
doente, manipulava e produzia os
medicamentos, de acordo com a
farmacopéia e a prescrição dos
médicos.
- As ordenações do Reino, primeiro contexto legislativo a vigorar no Brasil, já no século XVI, impunham regulamentos à matéria, estabelecendo que a distribuição de drogas era privativa de “boticários”, mas tal regulamentação não podia surtir efeitos, porque qualquer pessoa, mesmo analfabeta ou imbuída de interesses puramente lucrativos, podia, com relativa facilidade, obter do Comissário Físico-Mor a “carta de aprovação” como boticário, ficando, portanto, habilitado a exercer o comércio de drogas e medicamentos. Tal comércio era exercido juntamente com outras atividades num mesmo estabelecimento. Em 1774, foi outorgado o regimento chamado historicamente de “Regimento 1774”, o qual proibia terminantemente a distribuição de drogas e medicamentos por estabelecimentos não habilitados, fixando multas e apreensão de estoques para o caso de descumprimento; criava a figura do profissional responsável; exigia a existência de balanças, pesos, medidas, medicamentos galênicos, produtos químicos, vasilhames e livros elementares nas boticas e criava a fiscalização sobre o estado de conservação das drogas e dos vegetais medicinais. Apesar do regimento, baixado em 16 de maio de 1744 ser um modelo de legislação médico-farmacêutica, ele não foi cumprido.
- Com a mudança da sede da Monarquia de Portugal para o Brasil os panoramas da medicina e da farmácia melhoraram bastante.
- Estando na Bahia, o príncipe regente D. João criou, através da carta-régia de 18 de fevereiro de 1808 e por sugestão do cirurgião-mor do reino, Dr. José Correia Picanço, a “Escola de Cirurgia” no Hospital Real Militar, que funcionava no antigo colégio dos jesuítas. Chegando ao Rio de Janeiro em 7 de março, já a 2 de Abril de 1808, o príncipe nomeia Joaquim da Rocha Mazaréu, Primeiro cirurgião da nau “Príncipe Real” em sua fuga para o Brasil.
- Essas incipientes “cadeiras” de anatomia e cirurgia seriam os núcleos das academias médico-cirúrgicas da Bahia e do Rio de Janeiro e dariam origem em 1832 às faculdades de medicina.
- Neste último ano foi que se criou oficialmente o curso da farmácia, com duração de três anos, anexo às faculdades de medicina, recebendo os diplomados o título de farmacêutico.
- Em 4 de abril de 1839, o governo provincial de Minas Gerais fundava em sua capital Ouro Preto, uma escola de farmácia, pioneira para o ensino exclusivo da profissão no país. Decorrido pouco mais da metade do século, surgiram mais duas escolas para o ensino autônomo de farmácia: a escola de Porto Alegre, em 1896 e, logo a seguir, a de São Paulo, em 11 de fevereiro de 1898.
- O surgimento destas e de novas escolas de farmácia no país com currículos atualizados foi o primeiro passo concreto para se criar uma indústria farmacêutica nacional, uma vez que a indústria farmacêutica moderna nasceu dos laboratórios de manipulação das farmácias nos quais atuavam essa nova leva de profissionais formados no país.
- Desde então, com o advento dos farmacêuticos formados pelas escolas oficiais, a legislação sanitária tem atribuído invariavelmente somente aos farmacêuticos diplomados o direito de exercer a profissão no país, tendo por escopo a preservação da saúde e o bem-estar da sociedade. Dessa forma as figuras, às vezes romântica, da Botica e do Boticário foram substituídas pela Farmácia, no sentido de estabelecimento comercial, e pelo Farmacêutico no sentido profissional.
BOTICA
Farmácia
Bibliografia:
- KOROLKOVAS, A.; BURCKHALTER, J.A. QUÍMICA FARMACÊUTICA. Rio de Janeiro, Editora Guanabara, 1988.
- SILVA, R.F. Da Pharmacia à Farmácia – Universidade Federal do Pará - 100 anos de História. Belém, Editora Universitária UFPA, 2003.
- ZUBIOLI, A. Profissão: farmacêutico. E agora? Curitiba, Editora Lovise Ltda., 1992.
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