O Papel do Farmacêutico na Indústria de Alimentos
O farmacêutico pode atuar em
diversas áreas, incluindo a área de alimentos.
E por que o Farmacêutico
pode atuar na
área de alimentos???
Primeiramente,
os alimentos são fontes de vitaminas, minerais, aminoácidos. Ou seja, são
essenciais para o funcionamento do nosso organismo, podendo contribuir
positivamente ou negativamente com o funcionamento do nosso corpo. De acordo
com essas características, os alimentos podem interagir com medicamentos
facilitando ou dificultando sua absorção e todo o seu metabolismo, bem como
podendo ser adjuvantes em tratamentos farmacológicos.
2. História do Farmacêutico na Indústria
de Alimentos
O
envolvimento do profissional farmacêutico com a área de alimentos, no Brasil, é
antigo e teve início via execução de análises bromatológicas, de natureza
essencialmente química, em laboratórios de governos estaduais. Em São Paulo o
Instituto de análises Químicas e Bromatológicas, fundado em 1892, tinha como
finalidade executar o controle sanitário de alimentos, bebidas, medicamentos e
outros produtos de consumo humano. Da fusão deste Instituto com o Instituto
Bacteriológico, fundado no mesmo ano, originou-se o Instituto Adolfo Lutz,
reconhecido internacionalmente, entre outras razões, pela sua contribuição ao
estudo e desenvolvimento da ciência de alimentos, fruto do trabalho de equipe
de analistas de alimentos de formação multiprofissional, inclusive, de ilustres
colegas farmacêuticos.
Por
sua vez, no Rio de Janeiro, o Laboratório Bromatológico, fundado em 1894,
contava, nos anos de 1920-1930, com 32 técnicos de nível superior que
executavam atividades de análises de alimentos, no cargo de “químico ensaiado”
que exigia, como requisito mínimo, o diploma de farmacêutico, de médico ou de
engenheiro químico.
Com
o passar dos anos outros laboratórios oficiais criados em outros estados, com a
participação efetiva de farmacêuticos. É interessante ressaltar que apenas em 1923 o poder
público inicia no Brasil, a ação fiscalizatória sobre a produção, venda e
consumo de gêneros alimentícios. Lei específica cria, então, a “Inspetoria de
Fiscalização de Gêneros Alimentícios”, subordinada ao Departamento Nacional de
Saúde do Ministério da Justiça e Negócios Interiores.
Os
cursos de Farmácia do país iniciaram, oficialmente, o ensino da Bromatologia
somente no ano de 1911. Até então, a Bromatologia era aprendida pelos
profissionais farmacêuticos que exerciam as funções de analistas químicos nos
Laboratórios Oficiais, como autodidatas. Provavelmente, as demandas do mercado
de trabalho levaram à criação da disciplina de Bromatologia, indispensável à
formação do profissional da época. Sua introdução obrigatória nos cursos de Farmácia
iria proporcionar o avanço da área em termos de estudos e pesquisas.
Por
volta de 1969 foram criadas novas modalidades na formação: Farmacêutico;
Farmacêutico Industrial; Farmacêutico Bioquímico com duas opções de atuação
Tecnologia de alimentos e Análises clínicas e toxicológicas.
Já
em 2002 novas diretrizes para o curso de farmácia foram aprovadas com o
objetivo de formar um farmacêutico generalista, capacitado com conhecimentos em
todas as suas áreas de formação (medicamentos, análises clínicas e alimentos).
Nos
dias atuais, a produção de alimentos está bastante diversificada e com grau
variável de complexidade. Nos últimos 20 anos, a indústria de alimentos tem
sofrido mudanças significativas em conseqüência das inovações tecnológicas
incorporadas ao setor. Procurase produzir mais, com menos custo e com maior
qualidade. Por outro lado, a geração de novos produtos e o uso de novas
tecnologias tem aumentado a preocupação com a proteção dos alimentos e com a segurança
do consumidor.
3. A atuação do Farmacêutico na
Indústria de Alimentos
O farmacêutico pode atuar na
área alimentícia de
diversas formas.
Sendo
algumas delas: Desenvolver métodos de obtenção de produtos alimentares
para uso humano e veterinário, realizar controle microbiológico, químico,
sensorial e físico-químico das matérias-primas e produtos acabados, bem como
atuar no desenvolvimento, produção e controle de qualidade de alimentos, de processos
fermentativos, de formulações
nutracêuticas e alimentos de uso enteral e parenteral, realizar e
controlar análises bromatológicas e
toxicológicas, atuar na normatização e fiscalização junto à vigilância
sanitária de alimentos, no marketing orientação ao consumidor, nas embalagens
dos produtos, controle de qualidade em todos os processos que tangem à
alimentos e treinamentos da equipe de acordo com as normas de Boas Práticas de Fabricação.
4.O Farmacêutico Bromatologista
O
farmacêutico bromatologista é aquele que estuda alimentos. Geralmente trabalham
em laboratórios de controle de qualidade, inspeção, vigilância sanitárias,
desenvolvimento de novos produtos, setor produtivo de indústrias, instituições
de pesquisa como universidades e órgãos públicos.
4.1.
Perfil
A
carreira de farmacêutico bromatologista é cada vez mais disputada pelo mercado
de trabalho. Com o aumento da complexidade das legislações do setor, a
maior procura por produtos nutracêuticos, a crescente preocupação com a
qualidade dos alimentos industrializados e a necessidade de aumento de
produtividade industrial, houve uma valorização da atuação do profissional
de farmácia na área de alimentos.
As
maiores remunerações dessa carreira encontram-se nos cargos de gestão de
grandes indústrias de alimentos e nutracêuticas. A carreira possui algumas
interseções com a carreira do Engenheiro de Alimentos, o que tira a
exclusividade de atuação e aumenta a necessidade de especialização na área.
Ser
farmacêutico bromatologista exige do profissional conhecimentos aprofundados de
gestão industrial e ferramentas da qualidade, de normas nacionais e
internacionais de boas práticas de fabricação de alimentos e de técnicas
de controle de qualidade, gestão de projetos e processos. Capacidade de
negociação, aptidão para tarefas administrativas e algumas habilidades,
como liderança e comunicação, são imprescindíveis, visto que estes
profissionais assumem, muitas vezes, cargos de nível estratégico ou tático
nas empresas onde atuam. Ter fluência em língua inglesa é imprescindível
para acessar à literatura técnica da área, e o espanhol é um grande
diferencial para quem pretende atuar nela.
4.2.
Sua função
Na
indústria de alimentos:
- É
responsável por gerenciar os treinamentos em Boas Práticas de Fabricação;
-
Planeja e desenvolve estratégias que estejam de acordo com as exigências de
Boas Práticas de Fabricação;
-
Dirige, gerencia ou executa processos relacionados ao SAC;
-
Dirige ou gerencia o setor de validação de processos;
-
Dirige, gerencia ou executa processos relacionados aos setores de garantia e
controle de qualidade;
-
Dirige, gerencia ou executa processos relacionados ao setor de produção;
-
Dirige, gerencia ou executa processos relacionados aos setores de
desenvolvimento de produtos e embalagens;
-
Dirige, gerencia ou executa processos relacionados ao setor comercial;
-
Dirige, gerencia ou executa processos relacionados aos setores de controle de
produção e programação;
-Constrói
fluxograma de execução para os procedimentos de produção e controle de
qualidade;
-
Acompanha auditoria sanitária;
-É
responsável pelas auditorias no parque fabril, com o intuito de cumprir as Boas
Práticas de Fabricação.
Nos laboratórios de análise de alimentos:
-
Desenvolve programas de controle de qualidade interno e externo;
-
Gerencia o processo de gestão laboratorial;
-
Realiza e gerencia supervisão técnica, operacional e administrativa;
-
Gerencia a qualidade;
- É
responsável pelas análises de controle de qualidade, incluindo as de controle
microbiológico, químico e físico-químico, das matérias-primas e produtos
acabados.
Em
consultorias especializadas:
- É
responsável por preparar e organizar material técnico para divulgação de
produtos;
-
Esclarece dúvidas técnicas de clientes;
-
Treina equipe para trabalhar de acordo com as normas de Boas Práticas de Fabricação;
-
Desenvolve formulações para alimentos e nutracêuticos;
-
Audita sistemas de gestão da qualidade.
4.3.
Onde atua
-
Indústrias de alimentos;
-
Laboratórios de análises bromatológicas;
-
Consultorias especializadas.
4.4.
Faixa salarial
R$ 1.800,00
a R$ 30.000,00
4.5.
Como se preparar
O
curso de graduação em Farmácia é indicado para a carreira bromatológica. Para
quem pretende atuar nesse campo, a pós-graduação na área industrial é
imprescindível.
O
ICTQ - Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico
oferece o curso de pósgraduação em Gestão da Qualidade e Auditoria em
Processos Industriais, que conta com a participação de docentes com vasta
experiência na indústria.
5. Regulamentação
da Atuação do Farmacêutico na Área de Alimentos
A legislação
que abrange a profissão farmacêutica, no Brasil, desde a sua criação, em 8 de
setembro de 1931, recebeu importante acréscimo, neste início de 2010.
Em
25 de fevereiro de 2010, foi aprovada a Resolução 530, que dispõe sobre as
atribuições e responsabilidade técnica do farmacêutico nas Indústrias de
Alimentos. O presente regulamento tem a finalidade de definir e regulamentar as
atividades do farmacêutico que atua na indústria de alimentos, respeitadas as
atividades afins com outras profissões.
De
acordo com este documento regulamentado pelo Conselho Federal de Farmácia, o
profissional farmacêutico pode atuar nas etapas de produção da fabricação,
embalagem, controles de qualidade de alimentos, nos assuntos regulatórios,
pesquisa e análise toxicológica, no marketing e orientação ao consumidor, na
rastreabilidade dos produtos, entre outras atividades.
A
norma do CFF trata, de forma detalhada, das atribuições e responsabilidade
técnica dos farmacêuticos que atuam nas indústrias alimentícias.
Essas
atividades não são privativas ao farmacêutico,
ele divide o espaço com engenheiros químicos, de alimentos, com químicos e
biomédicos.
5.1. Artigo 1º - Resolução nº 530 de
25/02/2010
Esta resolução se aplica nas atividades
de fabricação/produção de:
·
Alimentos de origem animal e vegetal;
·
Bebidas alcóolicas e não alcóolicas;
·
Grãos e derivados;
·
Laticínios e/ou derivados do leite;
·
Pescados;
·
Pães, massas;
·
Mel e derivados;
·
Adoçantes;
·
Água e água adicionada de sais;
·
Alimentos com alegações de propriedades
funcionais ou de saúde;
·
Alimentos congelados;
·
Alimentos “light” e alimentos “diet”;
·
Alimentos para controle de peso;
·
Alimentos para fins especiais;
·
Alimentos irradiados;
·
Alimentos para nutrição enteral;
·
Alimentos para praticantes de atividades
físicas;
·
Alimentos de transição para lactentes e
crianças de primeira infância;
·
Alimentos para nutrição animal;
·
Balas, caramelos e similares;
·
Biscoitos e bolachas;
·
Chocolates, bombons e similares;
·
Condimentos ou temperos;
·
Substâncias bioativas e probióticos, isolados
com alegação de propriedades funcionais e/ou de saúde;
·
Suplementos dietéticos;
·
Suplementos vitamínicos e/ou minerais
·
E outros produtos relacionados a área de
alimentos.
5.2. Artigo 2º - Resolução nº 530 de
25/02/2010
O farmacêutico deve possuir
conhecimentos das Boas Práticas de Fabricação (BPF) de alimentos.
Aplicar
os conceitos gerais de garantia de qualidade, bem como os principais
componentes e subsistemas das BPF em alimentos, higiene, validação, controle de
contaminantes, controle de água, controle de pragas ou doenças, instalações,
armazenamento, equipamentos, materiais, transporte, documentação e
gerenciamento do APPCC.
6. Farmacêuticos
famosos na Área de Alimentos
A
área alimentícia está sempre em grande renovação e em busca de melhores
produtos e aperfeiçoamento de métodos de análises bromatológicas. É
imprescindível a presença do farmacêutico contribuindo nessas questões.
No
Brasil...
Recém
chegado do interior do Maranhão, o jovem Jesus começou a trabalhar numa
farmácia, limpando vidros, fazendo entregas e outros serviços básicos.
Depois
de muito observar, ele começou a estudar os medicamentos por conta própria e
passou a criar novas fórmulas. Graduou-se em farmácia muitos anos após já estar
trabalhando na área.
Seguindo
o conselho de um amigo, passou a investir na fabricação de águas gaseificadas.
Ao tentar criar novos medicamentos para
a sua farmácia, chegou a fórmula de xarope de guaraná que agradou seus netos. Assim nascia em 1920 uma bebida de rosa com sabor adocicado, lembrando
vagamente cravo e canela que se tornou símbolo do Maranhão (Em 2010 era o
refrigerante mais consumido no estado).
6.2. John Pemberton (1831-1888)
Aos
19 anos, John gradua-se em medicina, recebendo a qualificação voltada para
farmácia (durante muito tempo o curso era unificado). Serviu como
tenente-coronel durante a Gerra Civil (1861-1865). Após a guerra, ele procurou
um lugar para se estabelecer como farmacêutico. Assim, chegou a Atlanta onde
passou a vender medicamentos. Em 1884 lançou uma bebida alcoólica, composta
inicialmente de folhas de coca e noz de cola. Apenas dois anos mais tarde,
pressionado pelo puritanismo religioso que proibia o consumo de álcool,
Pemberton passou a investir numa água carbonada com sabor, que foi batizada de
coca-cola.
Heinrich Nestlé nascido em Frankfurt, na
Alemanha. Com cerca de 20 anos, vivendo na Suíça, foi aprendiz de um
proprietário de farmácia, e aprendeu a aviar receitas e vender medicamentos.
Em
1843 ele comprou uma indústria de processamento de colza (grão rico em óleo).
Passou a produzir óleo de nozes, licores, aguardente, absinto e vinagre.
Foi
o fundador da Nestlé Alimentos S.A. com sede na Suíça. Henri foi
o criador da formulação da Farinha Láctea Nestlé. Que teve
seu desenvolvimento a partir da necessidade das crianças da época que possuíam
diversos problemas nutricionais, e algumas até perdendo a vida. A formulação
possuía como constituinte o leite de vaca com malte, farinha de trigo e açúcar.
A produção servia de substituto do leite materno para as crianças incapazes de
receber o leite das suas mães. Além disso, retirou o ácido e o amido da farinha
de trigo, por serem de difícil digestão para os bebês. O produto podia ser
preparado pela simples adição de água e é considerada a primeira fórmula
infantil, feita em 1921.
7. Conclusão
Vários profissionais atuam na área alimentícia,
mas, ressalte-se, o farmacêutico é o único que, cientificamente, conhece as
interações entre alimentos e medicamentos, dado o fato de ser detentor de amplo
conhecimento sobre Fisiologia, Patologia, Bioquímica, Farmacotécnica, entre
outras áreas.
Isto
faz do farmacêutico um profissional de suma importância na cadeia produtiva de
alimentos. Onde são capacitados para a elaboração e uso de técnicas preventivas
para a garantia da inocuidade e da qualidade dos alimentos, em todo o ciclo de
produção e consumo.
Sua formação acadêmica faz com ele seja um profissional diferenciado dos demais.
Referências Bibliográficas
www.univicosa.com.br
pfarma.com.br/profissao-farmacia
tamqca16.blospot.com.br/atuacao-da-farmacia-na-industria
legisweb.com.br/legislação
www.cff.org,br/sistemas/geral/revista/alimentos
Nenhum comentário:
Postar um comentário